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Auditoria no Lucro Presumido: quais os principais alvos do Fisco?

  • 15/08/2025

     
     


     

    Auditoria no Lucro Presumido: quais os principais alvos do Fisco?

    Embora o Lucro Presumido seja considerado um regime simplificado de apuração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), ele continua exigindo um rigoroso cumprimento de obrigações acessórias e atenção a cruzamentos fiscais. Segundo especialistas, a Receita Federal mantém forte vigilância sobre este regime, utilizando sistemas eletrônicos para comparar informações e detectar divergências.

    Neste contexto, compreender como a auditoria no Lucro Presumido funciona, quais documentos são examinados e quais erros são mais comuns é essencial para contadores, gestores e empresários que desejam evitar autuações, multas e impactos negativos na reputação da empresa.

    Por que o Lucro Presumido está no radar da Receita Federal
    O Lucro Presumido define a base de cálculo para IRPJ e CSLL a partir de percentuais fixos aplicados sobre a receita bruta, que variam entre 1,6% e 32%, conforme a atividade. Apesar da aparente simplicidade, essa forma de apuração atrai atenção do Fisco, que utiliza parâmetros comparativos e análises setoriais para identificar resultados fora do padrão.

    Um dos focos principais da auditoria é verificar se a receita declarada corresponde à presunção legal. Caso a margem real da empresa seja significativamente inferior à presumida, a Receita pode investigar a ocorrência de erros ou omissões, resultando em cobrança retroativa, aplicação de multas que podem chegar a 225% do valor devido e, em casos extremos, autuações formais.

    A fiscalização também monitora mensalmente a movimentação das empresas, mesmo sem abrir processo formal. Alterações bruscas no faturamento ou na carga tributária despertam a atenção do órgão, que pode solicitar esclarecimentos ou documentos comprobatórios.

    Documentos e informações mais verificados em auditorias
    Na auditoria do Lucro Presumido, a Receita Federal adota um padrão de verificação baseado na consistência entre as declarações acessórias, documentos fiscais e registros contábeis. Entre os itens mais solicitados estão:

    Livros fiscais: Registro de Entradas e Saídas;
    Notas fiscais emitidas e recebidas;
    Guias de recolhimento (DARF, GPS, DCTF);
    SPED: EFD-Contribuições, Escrituração Contábil Digital (ECD) e Escrituração Contábil Fiscal (ECF);
    Comprovantes de retenções de IRRF, INSS e ISS;
    Classificação fiscal (NCM) e enquadramento correto de serviços;
    Comprovantes de compensações tributárias e sua fundamentação legal.
    O cruzamento de dados entre SPED, notas fiscais e recolhimentos não permite erros “invisíveis”. Uma inconsistência pode gerar autuação ou inclusão na malha fina.

    Principais erros que levam empresas à malha fina
    As falhas mais recorrentes identificadas em auditorias do Lucro Presumido incluem:

    Omissão de receitas financeiras – muitas empresas deixam de declarar rendimentos de aplicações, gerando divergências na ECF e DIRF.
    Informações incorretas no SPED – erros de digitação ou classificação incorreta de operações.
    Retenções não registradas – especialmente de IRRF e ISS.
    Uso incorreto de NCM e CNAE – enquadramentos errados podem gerar recolhimento inadequado.
    Distribuição de lucros acima do limite – especialmente quando não há documentação ou justificativa que sustente o valor distribuído.
    Entrega incompleta ou fora do prazo de obrigações acessórias, como DCTF e EFD-Contribuições.
    Um exemplo comum envolve a distribuição de lucros a sócios sem respaldo nos registros contábeis, o que pode ser interpretado como tentativa de ocultar receita tributável.

    Como se preparar para uma auditoria no Lucro Presumido
    Especialistas recomendam que as empresas adotem procedimentos internos de controle fiscal e contábil para reduzir riscos e evitar surpresas durante uma fiscalização. Entre as boas práticas estão:

    Organização documental: manter notas fiscais, livros, guias e contratos sempre atualizados e armazenados de forma segura.
    Auditorias internas periódicas: revisar apurações e declarações antes de enviá-las, identificando e corrigindo erros preventivamente.
    Controle de aplicações financeiras: solicitar extratos consolidados e apurar corretamente o IRRF devido.
    Registro de justificativas operacionais: documentar quedas ou aumentos súbitos de receita, mudanças na produção ou variações de custos.
    Integração entre áreas: promover alinhamento constante entre os setores contábil, fiscal e financeiro.
    O papel da tecnologia na prevenção de autuações
    O avanço das ferramentas de gestão fiscal e contábil, integradas a sistemas como ERP e SPED, permite monitorar em tempo real as obrigações acessórias e cruzar dados antes do envio à Receita.

    Plataformas que utilizam inteligência artificial e machine learning podem identificar inconsistências e apontar riscos de forma automática, reduzindo o tempo gasto com conferências manuais e aumentando a precisão das informações enviadas.

    Impactos de uma autuação para empresas do Lucro Presumido
    Uma autuação fiscal pode resultar em:

    Multas de 75% a 225% sobre o valor devido;
    Cobrança retroativa de tributos não pagos;
    Suspensão de benefícios fiscais;
    Bloqueio de créditos tributários;
    Comprometimento da imagem da empresa perante clientes e fornecedores.
    Além das penalidades financeiras, o desgaste operacional e a necessidade de mobilizar a equipe para atender à fiscalização impactam diretamente a produtividade e a gestão do negócio.

    A auditoria no Lucro Presumido é um processo minucioso que exige das empresas um acompanhamento constante das obrigações fiscais e contábeis. A chave para evitar problemas está na prevenção: manter documentos organizados, realizar revisões internas, utilizar tecnologia para monitorar obrigações e registrar todas as movimentações relevantes.

    Para contadores e gestores, investir em processos preventivos e ferramentas adequadas é mais econômico e seguro do que lidar com os custos e riscos de uma autuação.

    Fonte: Contábeis


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